terça-feira, 25 de agosto de 2015

Poema IV

O silêncio é meu cigarro.
Por favor, apague as ladainhas
no cinzeiro logo ao lado.
É proibido falar.

Fume, fume
fume, fume
fume, fume
sua fumaça infernal
E me deixe tragar a ausência de palavras,
de sons, de elo
e, sobretudo, de alma.

Se nem meu corpo se satisfez,
se nem minha carne se encheu de sangue,
é porque até de conversas bestas
se cria atração intelectual, não se
cria de aparência, porém, e
não se criou da tua fala.
Por isso o sexo foi murcho
mesmo que insistas na tara
de dizer que foi bom, mas faltou impulso.

Sinto o cheiro forte do silêncio
essência de decepção que me encobre.
Ainda bem! Já não sinto o aroma da tua importância
que antes infestava minha ânsia.
Isso é ciência, meu Deus,
Ciência do olfato.
O silêncio
é meu cigarro.


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