sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Nighty you


Noite, desaperte meu pescoço manso
e permita o humilhante discurso.
Ah, crepúsculo que oprime ensinando a paz,
madrugada que inútil me faz,
não te consigo ser dia,
apesar dos raios de sol 
Que - mesmo que sejas fria - insistem em estampar 
                                                                [teu seio.
Que reluzem em tons de azul ora fosco, ora bruto.
Que me permitem um olhar, ainda que turvo, 
                                                  [para o teu existir.

É um nevoeiro, é sim, só pode ser!
Para não ser passageiro não há mais razão.
Alternativa: a desilusão noturna vai se impor
e viverei no enegrecer pálido do céu,
um vulto insano, louco por luz,
até que venha o súbito pôr-de-mim
e poderei raiar novamente 
depois de alimentar-me do néctar da tua escuridão.

Serei eu capaz de descomplicar
as tuas sombras quase sólidas, ou elas,
como a percepção de ser só, lhe dão
tua tão importante solidão?

2 comentários:

  1. Muito bom, Vitor. Realmente introduz quase que com perfeição meu poema.
    Bacana seu blog. Abraços!

    opoetaeamadrugada.blogspot.com

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