quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Poema V

Se te conheço
Que última vez nos vimos?
Que dia saímos para beber uma cerveja de litro
E falar de personagens bem-amados 
Do livro que terminou?

Longe. Long ago.

Mas a lembrança que guardam de mim,
Esta é generosa, é alegre, é amiga
Ainda bem que o que vale nessa vida
É como se lembram de nós,
Porque quem comigo congrega
Acaba que me despreza
E vê não existir perfeito.
Aliás, mais-que-imperfeito 
É o verbo que eu seria.

Verbo. Porque atos, mesmo, não há.
Mas há um bocado de sensação
Da boa e da melhor.

Em perfeição não acredito 
E meu segredo obscuro e
Desconhecido
É não permanecer.

Quem muito fica, pouco se movimenta.
E eis que se acostumam com as pequenas tormentas
Que causo a um mornento lugar.