sábado, 23 de maio de 2015

Saliva

A saliva do destino
Espuma e estanca
Transborda em êxtase
E escorre branca
Num fluxo intenso
pelo pescoço

Em
engano
imenso
O velho
moço
Insiste
à sorte
Implica
Um poço
imita
a vida
Irrita
a morte
e joga
Xadrez
Preocupado
Com
Comida
Teto
Fardo
Afeto
Filho
Alerta
O faro
Aperta
O cinto
Acerta
O passo
Aberta
A sina
Aquieta
O facho
Alberta
Aline
Alclézia
O Márcio
Auréola
Aqui
Ali
O diacho
Dói
A mente
Dói
O braço
Suspirou
Aliviado
Achou
Que ninguém
Tem
pregado
Sua
história
Na parede
Com
O fim
Marcado
Em verde
A data
Dita
A dito
Deles

sábado, 16 de maio de 2015

Da cadeia pelo Whats

Quem é esse cara?
Quem é o cara, Tainá?
Quem. É. Esse. Cara?
Pá!
Vamos, me diga!
Ou vou ter que perguntar da Luana, sua amiga, aquela vagabunda
Que namora e fica aí quase mostrando a bunda e, quem sabe, a xana?!
Anda, me conta!
Você tá saindo com ele, não tá?
Você já deu pra ele também, ou vai dar?
Porque se deu, você tá pronta pra sair da minha casa
Vai ter que criar asa porque até agora fui eu
Fui eu que te sustentei
Eu que te tirei da casa da mãe porque não era livre
Como assim, não tá livre aqui?
Você tem uma cozinha própria e ainda se sente presa?
Pra mim é uma surpresa essa sua cara de pau
Eu sempre fui muito legal com você
Eu sempre te dei tudo
Eu sei que sou sortudo por ter você
Eu, eu, eu. Eu.
E você também devia ser
Nós somos felizes, você não vê?
Não era isso que você queria?
Ah, mas nada, minha filha!
Não!, cala a boca, você não sabe o que é a vida
Vai, fala logo, vadia. Fala tudo, logo
Aproveita que eu aturo e gosto de ouvir essa voz chata
Confessa na lata o que tiver pra confessar
Você vai se arrepender, Tainá
De ter me dito tudo isso
Pensa naquele compromisso que a gente firmou na igreja
Quero que você veja o que está fazendo comigo
Porque seu marido só quer seu bem
Até pensei: ano que vem, ter um bebê, quem sabe
Acho que sempre cabe mais um dentro do amor
E, por falar em amor, eu te amo
Tainá, eu te amo mais que minha vida.

Poema I

Andava com meninas
Me chamaram de iiiiih
Eu sorri ...

E disse são meninas, pelo menos

Mudei o cabelo
Me chamaram de iiiiih
Só fingi ...
Que não liguei, mas esperava menos

Meus punhos amoleceram
Me chamaram de iiiiih
Eu saí ...

Da companhia pra um clima ameno

Olhava pros amigos homens
Me chamaram de iiiiih
Eu morri ...

De vergonha de olhares pequenos

Beijei um rapaz
Me chamaram de viado
Fiquei desolado,
Esse rótulo era veneno

Decidi encarar
Me chamaram de outras coisas
Essa foi a ...

Pior resposta que o mundo podia dar

Aceitei o veneno
Me chamaram de fraco
Deram pitaco
E eu não resisti ao fracasso

domingo, 10 de maio de 2015

Peruca


Escuro muito
escuro claro
coberto de vários de si
cada camada menos
cada menos camada
claro se ao cimo subir

Marrom moreno
enquanto sobe
morre de cinza em cinza
não se sustenta
insiste no lume
mas é só brilho da tinta

Só se disfarça
só se engana
esconde uma cor orgulhosa
se exalta em poesia
belo e sublime e
esvoaça em cristais de prosa

A essência da cor
é um caniço novo
aceite que dói mais
mas compensa a dor
o choque a quebra
pra mechas originais