Te colei em todos os meus calendários
E os calendários em toda parede
As paredes em toda memória
As memórias em todo sonho
Os sonhos em toda a vida
A vida em todo o todo
Espalhei-te pela grama do jardim
Pelo teto diário do meu quarto
Pelas prateleiras com os livros
Pelo caminhar dos sapatos
Pelas roupas, pelos cheiros
Tudo tem seus pedaços
As histórias dos poemas são as suas
As linhas deles são tecido teu
Mas a agulha sou eu quem perfura
Teço versos cheirando a ti
Guardo como vestidura
Cada estrofe é um traje
Visto todo dia roupa bela e nova
No espelho aparece a coluna ereta
Que orgulho da silhueta agora
Pelos cantos a esbanjá-la
Pelos meios eu caminho
Todo cheio de bossa
Chove a tua infinitude
E rega a flor da minha pele
(É um já-sinto) e são ele floresce!
Aromatiza essa vida amiúde
E todo cheiro ruim vira bom perfume
Cheiro de primavera que atrai vagalumes
Tenho um pouquinho da tua luz num vidro
Não muita, mas em minha face aplico
Gasto parte de manhã no meu sorriso
E em tudo que é ruim eu vejo o positivo
Sei que tenho um tanto, mas economizo
Até tu chegares e dar-me mais brilho