segunda-feira, 9 de março de 2015

Um poema meloso


Tenho vontade de chamar-te, amor
Para saber que vou chamar-te amor
Antes que eu te assuste ou te afaste
Ou fique mais bobo que a imagem que tens de
mim
E me mate

Não me amedronta a bobagem, dê-me trela
O que me põe medo é a sua reação a ela.
Justifico: meu ritmo é diferente
Demoro todo o tempo que não passa
balançando cabeça e pés
Em músicas quentes
Mas movo cadeiras, salões invado
Se o mundo à minha volta é desacelerado
E me deixo embalar sem preocupação
Pela melodia da calma, envergonhada e
gostosa...
Canção
Que me cantou lenta e sorrateiramente
Silenciosa e clandestina, mente
Pras cordas do meu violão
Eu sigo a partitura submisso
Esperando pelo momento de improvisar
Mas preparando a improvisação.

Um comentário:

  1. Demorei a responder teu poema meloso
    por medo de soltar palavras duras.
    Tu fostes guiado por Neruda
    Que em tão fervoroso amor
    Acabou por enfim entregar-se sem pudor.

    Amigo, palavras dóceis não te darei.
    E nem dela deves esperar.
    Sei que julgo e jogo alto
    Mas dela nenhuma canção irá vingar.

    Ela mesma se condena e só ela pode se salvar.
    Tu escolhestes o mar de rosa
    Onde só vais se espinhar.
    Desgostosa eu acompanho
    Esse jeito estranho que vocês tem de se amar.


    http://papeldesemica.blogspot.com.br/2015/03/resposta-seca.html

    ResponderExcluir