quinta-feira, 11 de maio de 2017

Saudade II

Respondi à minha casa
Que não queria ficar
Trouxe-me, então, inteiro
Para aos cantos me doar


Fecho a porta do céu
Todos as noites e em prece
Digo tchau, até mais cedo
E Coimbra não permanece
Nunca como a deixei
Quando dormi.


Tanto experimentei
Que experimento agora sou
O vento, o meu cheiro sente
A terra cultiva meu sabor
A água em meu suor se benze
O fogo se queima em meu calor


O sólido que eu era
Diluiu-se na sua liquidez
Que parte de mim é mundo,
Que parte do mundo me é ex?


E o espírito vaga, sai vago
E volta cheio de coisas pra escrever
Canta-me ao som de um fado
As belezas que há no adeus
As certezas que estão de lado
As purezas que não vi nos meus
As proezas de ser vivo e parvo
As riquezas que o olho esqueceu.


 Ah, algumas coisas sei sim
Sou muito mais os outros
E muito menos mim
Desde que me comecei em ti
Que primeiro teu sol eu vi
(Sol de todos os dias leves
Que nasce por cima do enfim)
Pendurar-se às tuas casas
Se forçando a aguentar o doer
- Dor que sinto mais forte porque
A partir de amanhã pode ser
Que eu nunca mais te veja -
Que inveja do sol:
Volta toda quinta e terça. 

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