domingo, 11 de junho de 2017

Maratona

(Mundo fundo mundo eu me afundo em mim mudo
Imundo inundam-me segundos vagabundos)

Passo  na  pele  a criatividade do mundo
A  que  me  era   natural  acabou  ontem
O  perfume  encantado  atraía  de  longe
Hoje  nem  o  olfato  dos  insetos  notou
E como dela pudesse comprar um fardo
Trabalho
E como se a  falta  cheirasse a desespero
Dinheiro
E como a sentisse deslizando na mão
Ficção

Corro  nesta  competição  para  a  frente  que  me  é trás coletando de
algum sujo chão algumas folhas de algum valor notas que pagam-me
o suor mas pouco compram-me o cheiro bom e pela primeira posição
persisto com falta de ar e câimbra e ferida e calo e dores de exaustão

Enfim...
A...
Chegada.

Amanhã...
Mais...
Depressa.

Gritam sonoros "força foco e fé"
Sobre um cético fraco desfocado
Que segue arruinando a planta dos pés
Que o deveriam suportar (aplausos)
Que mais os outros contam senão teu êxito? Eles
Que não sabem que é o banho que te move a vida
Que não viram o prazer
Que tens ao esfregar-te como em uma briga a criatividade
Que compraste pra ti, mas que não é tua e, meu Deus, o
Que foi aquela queda sofrida?!

Mas agora cheiro bem, respondo
Indo de novo para a corrida

(Mundo fundo mundo eu me afundo em mim mudo
Imundo me inundam segundos vagabundos e infecundos)