segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Tiquetaque

Sobre este barulho na minha alma,
Não descobri se é de bater de asas
Ou do tiquetaque acelerado do relógio
(O tempo cronometrado a acabar)
Que se guarda em meio a dois pulmões inglórios
Que se negam a me deixar respirar
Sempre que vivo um pouquinho.
Afinal, o que é mais vivo do que o sentimento de desimportância?
O que é mais real do que o sentir?
Nada. Nunca há de haver realidade que o alcança.
Sentimos como o primeiro sapiens sapiens sentiu
Sentimento é a instância do ser.
Existir é não privar-se de sentir.

Canta e grita, minha estima própria
Será que um dia irei te ouvir?
Quanto mais esperneias, menos faço questão de ti.

Marcas minha testa com o símbolo da organização dos que-nunca-se-aceitaram.
Dos que-nunca-se-encontraram e dos que-nunca-se-encontrarão
Os que buscam a plenitude tão fortemente que fingem que não é só concepção.
Quanta diferença, quanto desencontro
Quanta humilhação!
Eita que a vida me parece um dia no lixão.
No meio de tantas coisas rejeitadas
Você procura por algo de valor
Se achar, é alegria.
Se não, é "procure amanhã, por favor!"
Chico disse que vai ser outro dia.