quarta-feira, 10 de maio de 2017

Cabeça

Na cabeça era tanta coisa
Que pessoas ali não cabiam
Muitos 'tiveram à porta
Mas nunca a visitariam

"Esta é a minha bagunça
Converso com ela e me entendo
Não quereria que minhas joças
Te expelissem daqui tremendo
Como boa dona bem cuido
(Foram anos de acúmulo e panos)
De todas as minhas posses
Raras têm marcas dos danos
Imagina se alguém levasse
Depois de todos esses anos
Uma de minhas dessortes
Pra mim seria a morte
Desonra, vergonha, calote!
Mesmo que por engano"

- Sim, entre por favor
Só não repare a bagunça
Sabes que vivo sozinha
E que meu tempo se encurta
Fique mais que à vontade
Aceitas um vinho, um chá?
Conheça a cabeça uma hora
Enquanto eu não voltar
"Vá logo simbora, ome
Que tenho que cuidar
Deixe eu fazer minha boia
(hmm, arroz ovo e jabá)"

Voltei, se divertiu?
Mas nem se saiu do sofá!
Podia ter ido a Troia
Que não irias mudar
"Melhor que assim seja
Tudo no seu lugar"
Toma teu vinho agora
Fala, "faz, põe pra fora
Anda, amor, sem demora
É hora de te expulsar".

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