domingo, 6 de setembro de 2015

Um espelho esbafejado

Um espelho esbafejado.
Um olhar impulsivo
vê gotas de feiúra e falência
sobre um rosto borrado refletido.
Declaro o espelho culpado
pelo crime de ter distorcido
nossas visões de nós mesmos.
Criminoso! É um grande perigo
deixar-nos seduzir.

Mesmo depois de ser limpo,
ainda existem imperfeições.
O rosto sem borrões já pode ser visto.
É uma face de rugas arrogantes
que tornam o rosto impressivo
(Rugas cuja existência é digna e dignificadora,
mas que de ler não sou digno)
Tento ler nelas o nome da rosa
e, porventura, consigo.
Quanto à dificuldade, não se preocupe
- é uma aventura e um risco
que tive o prazer de passar.
As rugas que mais valem a pena ter tido,
mais que as do choro que me constrói,
são as rugas do sorriso.

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