terça-feira, 14 de abril de 2015

Subnatural


Quem diria que eu, logo eu, estaria nessa situação. Se você está se perguntando quem sou eu, e qual é 'essa situação', é uma pessoa curiosa. Gostaria de começar minha prosa ao te dizer antes de te dar essa informação que a curiosidade é uma característica de pessoas inteligentes. Acrescento que os inteligentes nem sempre dominam o mundo, apesar de conhecê-lo satisfatoriamente. E embora alguns me considerem eminente, outra pessoa me usava para satisfazer alguns de seus caprichos frequentes, ou é isso que às vezes penso. E penso demais. 
Hoje pensando descobri que nem sei como está a gente. Eu sei como eu estou, mas Branca, ela nunca foi legível. E faz questão de não ser. Faz questão de me confundir e de me ver passível de enlouquecer. Domínio; isso com certeza ela tem sobre mim, é visível sobre meus atos e não-atos.
Ontem tive uma noite inesquecível com ela - o afago começou cedo - mas dormi com um pouco de medo e mil possibilidades explodindo como aquele doce que quando passa do dedo pra língua, está mais pra brinquedo, faz som de tiroteio. Todo tiro era uma inquietação nova. É, realmente, incomoda. E muita coisa nauseosa vinha me incomodando de uns tempos pra cá: dores de cabeça, batidas teimosas, gente falando alto e a falta de reciprocidade.
Eu estava determinado, então, a criar um novo tipo de namoramento, um amor unilateral, um amor individual que embora só precise ser dual pra ter o outro como mero alvo de catarse, me faria feliz.
Um amor que me levaria à plenitude somente por ter alguém de quem cuide, pra quem o direcionasse e que excluísse a necessidade de ser amado, ou até mesmo de ter um reconhecimento mínimo - nada mais justo - por parte do outro lado. Mas justiça não existia quando percebi que um amor platônico seu lugar tinha tomado. Percebi errado - a quem agradeço por isso? -, não era o amor dA República. Era só insegurança. Insegurança, vê se pode. Era insegurança dela e eu achava que nunca ia ser amado. E já tinha me contentado, porque minha personalidade é dessas, de ter tudo aceitado. Mas ela deixou escapar que em um dos lados da sua volatilidade é possível que tudo seja recíproco. Estou acomodado.
Acho que falei demais. E tenho certeza, mudei de opinião, não vou mais dizer quem sou. O bom é que você já sabe da situação... ou não.
Se você leu até aqui, é uma pessoa curiosa. Por isso, vamos curiar juntos. Vou soltar mais uma pulga, quem sabe ela não gruda atrás da sua orelha. Imagina só quantas pessoas iriam aderir a essa moda em potencial se eu não tivesse me enganado e, portanto, tido tempo, disposição e mágoas suficientes pra criar esse amor de que falei, subnatural.

Nenhum comentário:

Postar um comentário